segunda-feira, 8 de abril de 2013

Caminhando contra o vento

É libertador sair às ruas e não sentir medo. Não sentir medo de sacar o celular do bolso e ficar horas tentando se localizar no google maps app completamente perdidas! Não sentir medo dos manos - provavelmente é só uma questão de estilo - nem das multidões, nem das ruas desertas. Não sentir medo de ser atropelada ao atravessar a rua na faixa de pedestres.

São sensações difíceis de explicar para quem nunca viveu o medo das coisas mais simples; o medo de estar nas ruas, o medo de ter as coisas; o medo de ser abordado e perder tudo e muito num simples fechar e abrir de semáforos! Aqui não é preciso ter medo, a gente sabe disso racionalmente, mas ainda me pego com medo das coisas, como tinha no Brasil. E tenho que me lembrar: relaxa, você está no Canadá!

Hoje saí sozinha para resolver umas coisas. Normalmente ia com a Sil, porque eram coisas que nós duas precisávamos ou queríamos, como comprar as coisas para casa e fazer o OHIP e nos registrar na YMCA e coisa e tal. Hoje saí sozinha e comecei a sentir Toronto diferente, como se fosse minha, como se eu estivesse mesmo começando a viver uma rotina (apesar de que ainda não tenho rotina nenhuma por aqui!). É legal ter esse momento particular com a cidade, ainda mais com uma cidade que lhe oferece tanto em termos de segurança e bem estar.

A Sil já está indo à escola desde a semana passada, está vivendo o momento particular dela com a cidade há mais tempo, acho importante.

Sexta conhecemos o pessoal do www.oitoronto.com.br e fomos a um evento beneficente. Já sabemos onde cortar os cabelos!!! Agora, de preço... nem idéia!! Foi legal ver as caras por trás das mensagens e matérias e pautas que trocamos durante o período em que ainda estava no Brasil...

Sábado fomos ao Kensington Market conhecer o distrito. É um lugar super charmosinho e bem diversificado. Acho que nunca vi tantas bicicletas estacionadas juntas em um só lugar!! A galera é bem modernete... rs... Gostei. Mas precisamos voltar lá outro dia, porque fomos meio tarde e acabamos andando pro lado errado e perdemos um pedaço da coisa toda... Depois caminhamos pela Bloor e vimos coisinhas singelas, como Cartier, Louis Vuitton, Chanel... mas tinha uma Winners lá pra quebrar! hehe

No domingo a gente foi ao protesto de repúdio ao Marco Feliciano. Na verdade a Sil foi mais para fotografar, mesmo. Nem gritei junto com a galera, apesar de simpatizar com a causa - afinal, quem é que acha plausível um cara que odeia negros e homossexuais (e sabe-se lá mais o que!) presidindo uma comissão de direitos humanos e minorias!? Mas esse lance tá me cansando um pouco. Queria que adiantasse, sabe? Queria que as palhaçadas na política brasileira simplesmente cessassem! Mas aí o Brasil seria um lugar mágico, né?

Depois do protesto básico - que achei super-legal, organizado e pacífico (aqui todo mundo tem o direito de protestar. Não tinha uma polícia pra ficar de olho e coibir qualquer manifestação mais calorosa ou para reprimir a galera mesmo!) - a gente foi dar uma olhada no St Lawrence Market, mas estava fechado. Havia só uma feirinha de antiguidades lá, mas nem eu nem a Sil somos muito chegadas, não íamos nem na do MASP! Demos uma olhadinha bem rápida e fomos embora. Fomos caminhando, caminhando, caminhando... algumas estações de metro estavam fechadas... E viemos embora pra casa.

Adoro isso de simplesmente sair, estar fora de casa, na rua, fazendo qualquer coisa, sem precisar ter nada específico, simplesmente ficar nas ruas! Adoro caminhar pelo centro, que é cheio de vida, e tirar fotos da arquitetura, das pessoas, das placas, de nós!

A única coisa que preciso para aproveitar as ruas melhor, é aprender a comer... mas aí fica pra outro post!

5 comentários:

Cadê Canadá? disse...

Ja aprendeu a comer sorvete! Rsrsrs!
Essa sensacao de liberdade nao tem preço mesmo...
Outra sensacao que eu amo de paixao é nao ter ninguem te julgando pela sua aparencia (principalmente pelo que vestimos....) Adoro! :)
Beijks
CA.

Nat disse...

A sua descrição de andar nas ruas de Toronto em segurança foi pertfeita! Era exatamente isso que eu sentia quando fui para visitar! É lindo demais se sentir livre assim. Temos que nos policiar para não sentir o medo automático que infelizmente desenvolvemos ao longo dos anos vivendo em São Paulo. O que eu tb adorei de andar sem medo foi poder deixar o preconceito de lado. Preconceito? Sim. Infelizmente no Brasil acabamos desenvolvendo um esteriótipo do que pode representar algum perigo para nós e repelimos quem se encaixa nesse esteriótipo. Seja atravessando a rua, apertando o passo, agarrando mais forte a bolsa, fechando a cara. Muito triste! Ainda mais sendo mulheres, já que infelizmente a violência contra nós pode ser muito mais cruel e traumática! Para mim é libertador poder ver uns "malacos" com casacos gigantes, andando se sacudindo, de gorros na cabeça e saber que eles não farão nada de mal! Isso muda a nossa postura. Nos permite ser mais leves, abertas e simpáticas. E o "malaco", não se sente repelido! Não sente a rejeição só por ser do jeito que é. A rejeição da sociedade também é uma violência e tanto!
Aproveite mesmo cada pequena manifestação da qualidade de vida!
Abraços,
Nat
Www.vamospralacanada.blogspot.com.br

Thiago disse...

Q legal ver o seu post, Mel. É bonito d ver.
Espero poder desfrutar dessa sensação

Unknown disse...

Deve ser libertador essa sensação. Sem julgamentos, sem ter que ficar de tanto em tanto olhando pra trás achando que tem alguém seguindo - as vezes eu faço isso - entre outras coisas.
Mas acho que mesmo assim, devemos ter cuidado.
Em qualquer lugar do mundo, sempre haverá alguém mal intencionado.

não querendo me intrometer, mas tem escola da YMCA em Toronto ? (eu estudei ingles nessa escola em Montreal).

beijos;
Catherine
http://meetyoutherecanada.blogspot.com.br/

Mel disse...

Catherine, sempre devemos ter cuidado! A gente continua "alerta", porque se estamos andando numa rua mais vazia ou se está tarde, tem certos hábitos que não nos deixam! rs... mas a grande diferença é que saímos, fazemos, andamos... não temos medo; aqui apenas somos alertas. =)
Acredito que haja uma escola da YMCA, sim, porque no departamento de imigração da YMCA eles fazem o teste de nível e dão aulas para os imigrantes. Não sei dizer, com certeza, se há aulas abertas para o público em geral, mas não vejo porque não, afinal, eles já tiveram que fazer o investimento inicial com salas de aula e professores, não é?
=)