terça-feira, 27 de maio de 2014

Como se aprende outra lingua?

Como professora de ingles ha 12 anos, a grande pergunta que todos tem eh sempre a mesma: como eh que se aprende outra lingua? E a resposta nunca eh a mesma, mas sempre comeca com: estudando.

Mas a gente sabe que a verdade eh que simplesmente estudar outra lingua nao garante que a gente va aprende-la, ne? E o nao estudar outra lingua tambem nao garante que nao vamos aprende-la. Existem dois termos muito em voga no mundo do ensino de ingles como lingua estrangeira/segunda lingua - nao vou falar de outros idiomas porque nao tenho informacao para tal: AQUISICAO e APRENDIZADO.

Aquicisao (acquisition) eh como as criancas aprendem, pela vivencia, imitando o que os outros falam, relacionando palavras a objetos e testando, fazendo. As criancas primeiro falam a lingua materna e depois sao alfabetizadas nela, ou seja, todo o codigo linguistico eh primeiro replicado e so depois compreendido e desvendado.

Aprendizado (learning) eh como estudamos outros idiomas (principalmente) estando no nosso pais natal. Como nao ha modelo para ser imitado ou vida pratica para ser vivida, os alunos primeiro sao expostos as regras de gramatica, ao siginificado das palavras e somente  depois a lingua. Eh uma forma meio de-tras-pra-frente de aprender, poque segue o caminho oposto ao que fazemos ao aprendermos nosso primeiro idioma. Mas nao significa que nao funciona. Muito pelo contrario.

Acho que todos nos ja passamos pela frustracao de NAO aprender ingles no colegio. Desde o ginasio (eu sei la que nome tem a middle school no Brasil nos dias de hoje!) a gente comeca a aprender o tal do VERB TO BE e cada vez o bichinho parece mais complicado! Durante 7 anos, mais ou menos, a gente ve exatamente as mesmas coisas e do mesmo jeito: professor que da aula em portugues, que nao explica o porque das coisas e que "malema" consegue falar a lingua. Resultado: nao aprendemos.

Eu me lembro claramente como meu initial excitement por aprender ingles na quinta serie foi rapidamente dando lugar a frustracao, confusao, desgosto e raiva no passar dos anos. Ingles simplesmente nao fazia o menor sentido, eu nao sabia o que significavam as palavras, nao conseguia formar uma frase e muito menos entender os pronomes pessoais! E tambem todos na minha sala riram de mim quando, ao ser chamada para ler, li "pe-o-ple' ao inves de people /pi:pl/. Traumatico, vai! Tao traumatico quanto tirar B na prova escrita (na unica vez que isso aconteceu) e ouvir a professora perguntar se eu estava estudando ingles fora.

Eu nao estava. De fato, nunca estudei nenhum idioma. Nunca, alem das inocuas aulas da escola, estudei ingles. Nunca tive um professor me explicando como usar o VERB TO Be pra valer, nunca li uma unica frase sem ter um dicionario ingles-portugues do meu lado para traduzir palavra por palavra. Decidi que iria aprender ingles na marra.

Aos 17 anos embarquei para a Australia para fazer um programa de intercambio de um ano. Nao fui fazer aulas de ingles. Fui fazer High School, fui morar com familias voluntarias e viver numa cidadezinha de 14 mil habitantes quase no meio do pais, bem longe das badaladas Melbourne e Sydney. Ninguem falava portugues, nao havia internet (ok, eram os primordios da internet, mas nao tinha na escola, nas casas, nao era simples se conectar ao mundo virtual - alias, este nem existia! Eram apenas emails) e eu nao falava ingles.

Como aprendi? Acredito que foi um misto de aquisicao e aprendizado. Seguiu duas vertentes, dois caminhos simultaneos e interconectados. A necessidade de me comunicar me deixou hiper-alerta, hiper-ciente do que estava acontecendo ao meu redor. Cada palavra era ouvida, saboreada, cheirada, tocada e pronunciada avidamente, tudo era registrado na minha mente, tudo era registrado nos meus acertos e, principalmente, nos meus erros. Ao mesmo tempo eu tomei a decisao consciente de aprender. Pedi um livro de gramatica a minha professora de Australian Studies e comecei a estudar do comeco, la do VERB TO BE, passei pelas question words e finalmente entendi por que se usava o verbo auxiliar.

Um mes, um mes e meio se passaram e eu parei de estudar ingles. Eu tinha as aulas da High School para assistir, tinha inumeros trabalhos e redacoes para escrever, tinha testes de anatomia e fisiologia para fazer na minha aula de Educacao Fisica, e tinha minha vida para viver. O aprendizado passou a ser aquisicao. O dicionario foi ficando de lado, e aprendia palavras novas pelo contexto, ou perguntava como se dizia tal coisa. E eu lia, lia muito. Lia um livro em ingles por semana, pelo menos, lia revistas, lia jornais e escrevia paginas e paginas no meu diario - em ingles.

Logo estava sonhando em ingles. Logo estava raciocinando em ingles. Logo estava me sentindo super confortavel numa lingua que nao tinha sido a minha, que tinha acabado de aprender. E esta foi a minha historia. Meu EU tinha apenas 17/18 anos. EU estava cercada so de australianos, sem internet ou TV internacional para usar portugues.

No Canada, em Toronto, as coisas sao bem mais complicadas. Em casa so falamos portugues, e isso provavelmente nunca mudara, porque eh a nossa lingua, eh a nossa identidade como familia, como casal. Nas ruas ouve-se de tudo, mas nao da para dizer que seja majoritariamente ingles, isso depende muito de que bairro se more. Eu ouco muito filipino e russo por aqui, para se ter uma nocao. Ingles? Raridade. E o mais chocante; pode-se viver muito bem por aqui sem falar mais do que meia-duzia de palavras em ingles. Os guetos se encarregam de prover trabalho, moradia, vida social e comercio em cada lingua que se puder imaginar aqui nessa Babel.

Aprender, aqui, se torna mais do que - como dizem por ai - organico, nao da para rely on acquisition, porque eh muito facil se esconder nos guetos. Aprender, aqui, eh uma decisao que precisa ser tomada diariamente.

Se a alguem interessar, aqui vao as minhas dicas:
1. leia muito.
2. evite traduzir.
3. ouca muito - TV, radio, pessoas
4. seja muito atento e procure prestar atencao as palavras usadas.
5. tente pronunciar corretamente os sons; th nao existe em portugues, ou seja, th nao eh /t/ nem /s/ nem /f/!
6. seja um active learner - aprender eh uma decisao pessoal, va atras da informacao, nao espere que seja despejada no seu colo.
7. erre muito e nao tenha medo; os erros ensinam mais que os acertos.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Ingles para Residentes no Canada

No meu ultimo post falei sobre como os cursos de ingles oferecidos pelos governos Federal e Municipal (os LINC e ESL da vida) nao sao os mais eficazes quando o assunto eh aprender ingles - pelo menos no nosso caso especifico. Claro que acredito que deve haver alguma escola, em algum lugar, que funcione melhor...

Hoje vou falar sobre como a Sil esta realmente aprendendo ingles. Primeiro, e mais importante, ela esta praticando, e isso se da, tambem, porque ela ja esta trabalhando, entao o contato com outras pessoas com as quais ela so pode se comunicar em ingles tambem eh muito positivo. Segundo, ela mudou de escola.

Existe outra - e pouco conhecida - alternativa para aqueles imigrantes que nao estao satisfeitos com o LINC e com o ESL. Claro que estou falando somente sobre Toronto e Ontario, nao sei como outras cidades e provincias funcionam. O Toronto District School Board oferece um programa de aprendizado para adultos, e nao se limita so ao ensino da lingua, nao. Trata-se do Adult Learning.

Qualquer pessoa residente em Toronto (cidadao, PR ou refugiado com permissao para estudar), que seja maior de 18 anos, pode se matricular no curso - desde que seja aprovado em uma extensa prova de conhecimentos de ingles e matematica. Existe o custo da matricula, $40.00 e o deposito para o material didatico a ser utilizado dentro dos proximos 12 meses; $100.00, que sera devolvido ao termino do curso desde que o material cedido ao aluno esteja em perfeitas condicoes.

A Sil esta fazendo o que se chama ESL Pathways, que equivale ao ingles do High School com foco e suporte especificos para falantes de outras linguas. O lance do Pathways siginifica que, se a Sil quiser ou precisar, esse curso dara a ela creditos da High School para poder fazer um college. Claro que ela nao precisa dos creditos, porque ja concluiu o segundo grau no Brasil, alem de ter curso universitario, se ela decidir fazer um college aqui em Ontario. Ou seja, este curso tem duracao especifica (1 ano) e um objetivo claro: fazer com que o aluno obtenha o nivel necessario para poder cursar um college.

Para quem nao esta familiarizado com a ideia de college versus university, college eh o que seria o curso tecnologo no Brasil, aquele pos-secundario de 2 anos. University eh a nossa famosa universidade de 4 anos ou mais, ao final da qual se obtem um diploma, aqui conhecido como Bachelor's degree. College eh mais 'maos-a-obra' e university eh mais 'intelectual'.

Nesse um mes que a Sil esta fazendo o curso, ela ja aprendeu muito mais do que em todo o ano passado. Ela esta escrevendo textos muito mais longos e em muito menos tempo do que tinha que fazer para o LINC - sem falar que no ESL ela nunca escreveu mais do que uma frase... Ela tem colegas de sala que tem niveis mais proximo ao dela, que falam melhor ou pior e escrevem melhor ou pior, mas que produzem muito mais do que os colegas do LINC. E as oportunidades para falar em sala sao muito maiores.

No Adult Learning Centre, ela tem provas toda semana, apresentacoes toda semana, e novos desafios toda semana. Ela ainda aprende gramatica, vocabulario e informacoes sobre a vida e cidadania canadenses. Claro que eu nunca "set foot" na sala de aula da Sil, nao posso dar meu depoimento "firsthand", mas sei o quanto ela esta se desenvolvendo e o quao realizada ela chega em casa todos os dias depois da aula.

Quem estiver num nivel 5 ou 6 no LINC deve procurar um Adult Learning Centre do TDSB e fazer o teste para admissao. Sei que so ha duas janelas de entrada para o curso, uma por semestre, e que ha o dia especifico para fazer a prova e a entrevista e a matricula, mas se quem estiver interessado procurar a escola, tenho certeza que conseguira as informacoes corretas.

Onde procurar essas informacoes:
Settlement Ontario
TDSB
Ontario Ministry of Education

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Estudar ingles no Canada

Se voce eh um imigrante recem-chegado, saiba que tem direito a estudar ingles custeado pelo governo. Isso significa que basta contatar a YMCA e agendar seu teste para que seja encaminhado a uma escola que seja conveniente e que tenha vagas no nivel desejado.

Parece lindo, nao eh? Mas nao eh.

Esse procedimento que descrevi se aplica aqueles que forem fazer o LINC - Language Instruction for Newcommers to Canada. Saiba que nao eh a sua unica opcao. Mas vamos, primeiro, entende-la. O LINC eh bancado pelo governo federal e substitui a necessidade de prova de lingua para a cidadania. Basta que se tenha pelo menos o nivel 4 no LINC. Legal, neh?

O que acontece eh que no LINC, devido aos cortes no orcamento que vem sendo feitos e a maior peneira no momento da imigracao, as turmas geralmente sao compostas de dois niveis; por exemplo 2/3, 4/5, etc. E, se cada modulo completado com sucesso dura cerca de 3 meses, passa-se 6 meses com a mesma professora e roughly a mesma turma. E isso, como professora ja digo, nao eh muito produtivo. Passar 5 horas por dia, de segunda a sexta, vendo uns as caras dos outros nao eh facil. Ver a mesma professora seguir o mesmo plano de aula todos os dias por tanto tempo tambem nao eh facil. Conviver com as dificuldades daqueles que estao em um nivel abaixo do seu, durante 3 meses, nao eh facil.

Com base na experiencia da Sil, o que notei eh que o segundo modulo fica muito dificil. Os desafios sao menores, a paciencia tambem. A motivacao vai caindo e ja nao se tem a sensacao de produzir muito, de evolucao, de pertinência. No caso especifico da Sil, o segundo modulo que ela fez com a mesma professora nao foi muito produtivo. A professora nao estava motivada, parecia nao preparar as aulas e nao dava oportunidade para os alunos falarem.

Outra opcao ao LINC eh o ESL - English as Second Language, oferecido por escolas, igrejas e centros comunitarios. O que eh isso? Aulas de ingles, organizadas pelo TorontoDistrict School Board (TDSB), para falantes de outras linguas. Ponto. Muitas high schools oferecem essas aulas e qualquer um - que seja residente - pode estudar de graca. Ate mesmo os que nao sao, os tais estudantes internacionais, podem assistir as aulas, mas esses tem que pagar algo em torno de $7/hora, o que eh bem barato.

O ensino tambem nao eh dos melhores. Os professores, na sua maioria, nao focam em comunicacao, apenas na gramatica, assim as oportunidades para desenvolver a parte oral sao escassas. Algumas pessoas se adaptam bem ao esquema, outras, nem tanto. Para o newcommer o mais importante eh se adaptar, encontrar o tipo de aula que lhe serve, que lhe satisfaz e que o ajuda a crescer e aprender.


Finalmente a Sil encontrou ensino de qualidade e gratuito. Esta muito feliz e satisfeita com os resultados e seu progresso eh visivel. Mas isso eh assunto para a proxima!

sexta-feira, 9 de maio de 2014

The CN Tower (English and Portuguese)

After 14 months in Toronto, it is quite interesting to notice that we don't really know this city - not as a tourist would, nor as someone born and raised here would. It is a completely different relationship with the city altogether. It is being both actor and spectator at the same time, as if both roles could be lived and understood separately by the same pair of eyes.

Chroma key was the software used to insert background images on post-production. Its results used to be quite obvious, artificial. To make things more visual, think of the first series of movies of Superman, those with the late Christopher Reeve. Whenever he was seen flying over the city, it was possible to notice a thin line shaping his silhouette against the city skyline.

Well, all of this on and on about chroma key is to explain how I sometimes feel in this city. I feel as though there is the background of a city inserted behind me, as if I had been put there after some process, as if I didn't belong and, yet, were there. I often have this feeling of walking around in someone else's shoes whenever I'm out in the streets, on the subway, on my way to work. Funnily enough, I didn't feel this way in SP, a place I used to feel I didn't belong completely.

Enough with the philosophical BS, let's get practical around here.

Only recently have we been to the CN Tower. It is interesting to think that this tower is the tallest building in this city and it was erected in the '70s. Allegedly it is possible to see the whole city from the top of the tower, it is supposed to be some sort of breath-taking view of this fair city we live in. It is supposed to be worth $36 after taxes. But it isn't.

Unfortunately the CN Tower is just a very expensive tower to be in. All the security measures taken upon arrival are interesting and surprising. Then there is a lot to see and read about the tower before we even get to the elevators. And, perhaps the best part of it, a machine, some sort of crank you can 'coin' your own CN Tower plaque from a 5-cent coin. It was fun, the whole process was fun and the final product is quite interesting; a nice souvenir to keep =).

And that is all. I mean, you do get to climb to the to rather fast in the elevator, which kind of makes your ears hurt because of the difference in pressure. But once you are up there, well, there are two restaurants which occupy part of the 360 degrees of the tower's circumference. So you do not actually have a 360 view of the city. Well, actually I am not being entirely truthful here. If you go down a flight of stairs, there is a sort of 'balcony' outside, surrounding the tower, where you can walk the whole 360 degrees, however, there is a really thick protection net which spoils what could be quite a stunning sight.

So if you ask me, 'is the CN Tower interesting'? Yes, definitely. Now, if you ask me, 'is it worth it'? I will have to say, 'no, it isn't'. This is shame, really, but as a new Torontonian, I would rather spend my dollars on a hockey game or dining with Sil. Or even at the ROM, which is much more interesting and way cheaper. But this is a different story!

*********************************************************************************
Depois de 14 meses em Toronto, eh interessante notar que eu nao conheco essa cidade, nao de verdade. Nao como um turista a conheceria, nem como alguem que tenha nascido e se criado aqui. Na verdade eh como um par de olhos que ve tudo de duas formas diferentes, sao duas formas de se relacionar com a cidade totalmente distintas. Eh como ser o protagonista e o espectador ao mesmo tempo.

Chroma key era o software usado para colocar um cenario numa cena ou atras de um personagem na ilha de edicao. O resultado, claro, era sempre bem artificial. Para se ter uma ideia mais concreta do que eh o chroma key, basta se lembrar dos primeiros filmes do Super-homem, com o Christopher Reeve. Era gritante a linha azul que permeava o corpo dele toda vez que ele estava voando.

Bom, toda essa historia sobre o chroma key eh para tentar explicar como eu me sinto aqui nessa cidade. Parece que eu fui inserida da imagem de fundo na pos-producao. E como se eu tivesse sido colocada num cenario ao qual nao pertenco e, ainda assim, estivesse la, parte dele. Assim eh como me sinto com frequence quando estou no metro ou andando pelas ruas, indo para o trabalho. O engracado eh que eu nao me sentia assim em SP, a cidade da qual eu ja nao me sentia parte.

Chega de filosofia de porta de banheiro!

Apenas recentemente tive a oportunidade de visitar a CN Tower. Eh interessante poder olhar a cidade do alto do predio mais alto de Toronto, que foi construido nos anos 70. Aparentemente eh possivel ver toda a cidade la de cima, supostamente eh uma vista incrivel, sem comparacao, que vale cada centavo dos $36 que o passeio custa. Mas nao vale.

Infelizmente, a CN Tower eh so uma torre bem cara.Todas as medidas de seguranca logo na entrada sao ostensivas e interessantes; ha tambem um monte de fotografias e explicacoes sobre a construcao da torre e tals. Talvez a parte mais legal tambem esteja ai nessa entrada. Eh uma maquina para fazer a propria medalhinha da torre. Coloca-se 5 centavos e gira-se uma manivela ate que saia a nova 'moeda' com formato e impressoes diferentes, da torre.

E ai eh isso. Quer dizer, o elevador sobe os mais de 100 andares bem rapido, o que da uma dor de ouvido daquelas bem irritantes. Mas nao da para ter uma visao 360 graus da cidade, em parte porque dois restaurantes ocupam parte da circumferencia da torre, e parte porque no andar de baixo ate da para dar a volta na torre toda, mas a rede de protecao eh tao grossa que nem da pra apreciar a vista direito!

Entao se me perguntarem se eh interessante, direi que sim. Mas se quiserem saber se vale os $36, dai ja nao vale nao. Eh uma pena, mas como nova Torontoniana, eu prefiro gastar esse dinheiro num jogo de hockey ou jantando fora com a Sil. Ou mesmo no ROM, que eh muito mais interessante e bem mais barato. Mas isso ja eh outra historia!

quinta-feira, 1 de maio de 2014

O sapato da estacao

Aqui no Canada tudo eh mesmo diferente. As mulheres sao diferentes. Os homens sao diferentes. E, aparentemente, ate os cachorros sao diferentes! rs

Digo isso porque as roupas masculinas que se ve nas vitrines sao inimaginaveis no ambiente (a bit more than) a little bit machista do Brasil. Alias, o homem canadense se parece um pouco como homem europeu, mas ainda meio norte-americanizado... rs... As roupas masculinas sao lindas! Combinacoes de cores, padroes, texturas e acessorios que JAMAIS fariam parte do guarda-roupa (sorry, se for sem hifen com dois "r", eu nao sei escrever esse novo portugues... e meu computador nao tem acento...) do homem medio no Brasil. Eu adoro! rs...

As roupas femininas tambem nao sao tao parecidas com as escolhas que fariamos no Brasil - digo fariamos, mas eu nunca me enquadrei na combinacao sapatilha, jeans agarrado e mini-top, ou seja, apenas modo de dizer...rs. Aqui ate existem as sapatilhas, as rasteirinhas e os saltos. Mas nao sao tao populares quanto os sapatos funcionais. Nem sei se poderia classifica-los assim, mas a impressao que tenho eh que o canadense tem roupas para cada estacao.

No verao ve-se de tudo, tenis, sapatilhas, mocassins, chinelos, scarpins,  and what not! Mas, infelizmente, no inverno nao ha como variar muito; bota de neve ou... bota de neve! Tudo bem que tem dia que da para usar uma bota de couro ou outro sapato fechado e quente, mas, no geral, eh bota de neve dia sim e dia tambem. Toronto no inverno chegou a me fazer pensar no velho oeste, aquelas ruas enlameadas, sujas, imundas, e todo mundo andando no meio do lamacal e achando tudo a coisa mais natural do mundo...

Dai acaba o inverno, entra primavera, mas o calor ainda demora um bocado pra chegar. O fim do inverno meramente significa o fim (for the most part) da neve, o que ja eh, por si so, amazing! As temperaturas comecam a ficar positivas, chegando aos 10, sometimes, 15 graus. As botas de neve podem, finalmente, ser encostadas e substituidas. A maioria das mulheres usa botas de couro. Cano longo, medio, ankle boots. Algumas, normalmente as que trabalham downtown e em Yorkville, usam salto, mas nao eh o padrao.

A primavera tambem significa a epoca das chuvas. Claro que nao falo de chuva como em Sao Paulo, queda d'agua torrencial. Aqui a chuva eh mais amena, porem muito gelada. E o vento eh fortissimo, entao investir num guarda-chuva mais caro eh uma necessidade, nao um luxo. O guarda-chuva de $2 que a Sil comprou no Dollarama nao resistiu dois meses. O meu de $6 do Wall Mart eh o mesmo do ano passado... rs Firme e forte! =) Capas de chuva sao tambem super comuns.

A chuva daqui enche o saco. Alias, acho que chuva em qualquer lugar eh um terror. Tanto que eu - e a torcida do Maple Leafs - costumo dizer que prefiro neve a chuva. Fato. Mas, enfim, voltando a chuva! Terrivel, com ou sem guarda-chuva a gente fica completamente encharcada!  Os pes, entao, nem se fala! Dai comeca-se a notar que a mulherada toda tem... bota de chuva! Em todo lugar tem alguma com um par de botas de chuva nos pes. A Sil ja decidiu que quer um par para si, eu ainda estou resistindo a ideia... mas nao sei se ano que vem ainda terei a mesma opiniao. Como se diz aqui, estou warming up to the idea.

Toda essa volta para chegar ao comeco: aqui a moda eh diferente, ela eh ditada pelas estacoes do ano, nao porque seja bonito ou porque a industria da moda queira empurrar suas novas colecoes goela abaixo do povo. Aqui eh preciso se adaptar, eh preciso se vestir de acordo com as condicoes climaticas. Aqui eh Maio e a media de temperatura ainda nao ficou acima de 10 graus. Aqui eh primavera so no nome, porque as flores ainda nao chegaram.

Aqui eh o Canada e tudo eh mesmo diferente.